Representantes de comunidades quilombolas do Maranhão protestaram em São Luís. Eles reclamaram do aumento da violência no campo e da lentidão da justiça em julgar assuntos ligados à disputa de terras.
Os quilombolas ergueram faixas diante do Tribunal de Justiça do Maranhão para denunciar a violência no campo. Cruzes de papel simbolizaram as mortes pela disputa da terra.
O Maranhão registrou o ano passado 176 conflitos agrários, com cinco assassinatos, segundo a Comissão Pastoral da Terra. Vinte e três trabalhadores rurais estão marcados para morrer.
Os quilombolas denunciam a ação de grupos de extermínio agindo no Maranhão e que a demora da justiça no julgamento dos processos estaria acirrando a violência no campo. “Esta estrutura é montada com quem paga, quem faz a intermediação, e quem executa. Este é o triângulo criminoso no estado do Maranhão”, disse Diogo Cabral, advogado da Comissão de Direitos Humanos – OAB/MA.
Os quilombolas cobram, por exemplo, pressa no processo que apura o assassinato de Flaviano Pinto Neto, quilombola assassinado ano passado numa disputa de terras no norte do Maranhão.
O fazendeiro Manoel Gentil Gomes foi acusado de ser mandante do crime. Foi preso, depois foi solto pela justiça e agora é considerado foragido.
Manoel Santana era amigo do quilombola morto e agora só anda escoltado por nove homens da força nacional. “Vai ser preciso matar um outro negro, um outro quilombola, para alvoroçar tudo novamente e nós não queremos isso”, disse o líder quilombola.
As lideranças quilombolas devem se reunir com o presidente do Tribunal de Justiça do Maranhão na próxima segunda-feira (18).